Gostaria de partilhar um pouco sobre minha história de amor com a Virgem Maria e sobre a graça de tê-la como Mãe e sobre a responsabilidade de ser consagrada a Jesus por meio dela.
Sou escrava da Virgem Maria desde 2001 quando esta devoção
ainda nem era muito conhecida como hoje.
Lembro-me como se fosse hoje como foi aquele ano, cada um
dos 31 dias de preparação, a dor humana dos 12 dias de desapego do mundo e tudo
que implicava essa devoção; o amor maior a Deus, fruto dos dias restantes com o conhecimento de
Maria e de Jesus. E no dia 08 de dezembro de 2001, um presente da Virgem Maria,
a capela anunciada onde seria o rito do Santo Sacrifício seria a capelinha das
irmãs Franciscanas do Colégio Ave Maria, uma capelinha interna da qual eu
sempre tive o sonho de conhecer... Senti-me como sendo convidada pela Mãe a
entrar em sua residência particular.
Lembro-me também de me reunir com dois irmãos João Paulo e
Sérgio para na parte da manhã fazermos juntos nossa ultima preparação, escrever
a carta e selar com o sangue. Uma amiga enfermeira, Érica, providenciou de
trazer seringa, anticoagulante e tudo que precisaríamos para imitando Santa
Teresinha que escreveu em um momento de provação o Credo com o seu sangue, nós
também pudéssemos escrever nossa carta de consagração com nosso sangue. E que
reboliço isso causou mais tarde!!!!
Mas hoje quando vejo minha carta amarelada pelo tempo,
quando vejo o sangue envelhecido nas letras do cabeçalho e da assinatura,
percebo que nada é mágica como se imaginava quando ainda era jovem. Imaginava,
vou me consagrar e a partir de então serei santa! Doce ilusão.
A cada dia, no decorrer destes anos, aprendi a amar ainda mais e mais a mãe de
Deus, da qual desde criança amava profundamente ao ponto de me emocionar a
ouvir falar dela ou ver uma gravura da Mãe segurando o Menino Jesus. E aprendi
também o quanto é preciso renuncia e kenosis para se assemelhar a ela.
Após minha consagração vivi a maior treva de meu amor a
Maria, através de uma artimanha do inimigo, furioso porque eu estava divulgando
aos irmãos de comunidade essa consagração, o demônio através de uma
manifestação durante um terço em nossa casa semeou medo e pavor de amar mais a Maria
do que a Jesus. Foram dias terríveis e misticamente muito conturbados onde sem
querer me expor muito era terrivelmente atacada pelas insidias malignas que se
manifestavam através de imagens de Nossa Senhora.
A minha fé e meu amor
à Maria saíram vitoriosos no final e foi meu anjo da guarda quem me ajudou
nessa missão!
Pude concluir depois
de tudo que Maria se utilizou desta prova para fazer crescer meu amor por ela
de forma madura e consciente, realizando em mim seu maior desejo de mãe: levar-me
ao coração de seu Filho, meu primeiro amor.
Depois dessa prova foi
fortificado minha devoção à Santa Maria dos Anjos e surgiu a devoção ao ventre
Materno de Maria e o desejo de ser gestado e levar meus filhos espirituais a
serem novamente gestados por ela, uma devoção pessoal composta por cura
interior e crescimento pessoal que duraria nove meses, do dia 25 de março a 25
de dezembro. O objetivo de tudo? Como Maria gerou Jesus, sermos gerados por ela
e nos tornar um “novo homem” à estatura de Cristo.
Na época fiz isso apenas comigo e com uma filha espiritual
da qual era formadora. Anos mais tarde, mais precisamente no inicio de 2013,
isso se tornaria parte de um projeto do processo formativo da comunidade Sal e
Luz. Talvez tenha demorado muito, mas entendo que a Mãe com calma sabe conduzir
todas as coisas.
Mas o que tenho a partilhar sobre todas essas experiências é
que a verdadeira devoção à Virgem Maria, aquela devoção que vai além das aparências
externas, como propriamente explica o tratado, sempre nos levará para perto de
Jesus. E ouso afirmar que como, diz o tratado, não somente
isso, além de nos levar a Jesus nos tornará mais parecidos com a Virgem Maria.
Seremos mais próximos dela porque será ela agindo em nós
para que possamos amar a Deus de forma mais perfeita, já que sendo ela a
criatura mais perfeita de Deus não temos nada de imperfeito para absorver. Mas de nossa parte precisa de escuta, de autoconhecimento, de nos avaliarmos e vermos se estamos ou não deixando Maria agir em nós, porque muitas vezes dizemos que somos todo dela mas não nos confiamos à sua ação.
Como na época de São Luiz M. G Montfort ainda hoje existem muitas devoções à Virgem
Maria que foge da verdadeira devoção proposta como ideal de santidade a todos
os filhos da Igreja. Muitos se preocupam apenas com o externo e não deixam os
frutos da devoção penetrar o coração.
Penso que a primeira virtude de um verdadeiro devoto da
Virgem Maria é a humildade. Sendo
Maria a toda humilde não tem como querer imitá-la e ser diferente. Não tem como
ser devoto da Virgem Maria e não agir como ela. Ser humilde é não se achar
melhor que ninguém, é fazer como Teresinha quando perguntada de porque não se
defendia das acusações injustas que lhe causavam certas irmãs, ela dizia: “me
conheço bem, sei que sem a Graça de Deus seria capaz disso e muito mais”. Ser
humilde é também não acusar o outro, é hipocrisia demais acusar os outros e não olhar para nossas faltas diárias; e quando tiver que corrigir como uma boa
mãe, não fazer isso em publico ou com conversas paralelas a quem não tem nada a
ver. Nunca imagino a virgem Maria falando com ‘cicrano’ que ‘beltrano’ fez isso
ou aquilo de errado. Ao contrario vejo minha Boa Mãe chamando o filho em
questão de canto, perguntando seus motivos, esclarecendo seus erros e
instruindo a não pecar.
Um verdadeiro devoto também imita Maria no serviço. Nunca para em si mesmo, em
suas dores, necessidades, .... sempre está disposto a subir as montanhas da ‘cidade
de Judá’ para ir ao encontro do necessitado. Sempre disposto a lutar pela vida e ressaltar
o bem e se precaver do mal.
Um verdadeiro devoto da Virgem Maria exalta a Jesus Cristo, ama a Igreja e tem todos os membros da
Igreja como filhos, em especial os Sacerdotes. Como Maria se torna uma pessoa
que guarda no coração, que sabe se calar quando não tem nada de bom a fazer. E
que quando se explode em amor exala um belo canto de louvor e agradecimento,
como o Magnificat.
Um verdadeiro devoto de Maria é aquele que tem o FIAT sempre
predisposto para a Santa Vontade de Deus.
Devemos desconfiar dos devotos que param apenas em Maria,
pois na verdadeira devoção é ela própria que age em nós, e sabemos que a Virgem
Maria nunca falaria de si mesmo como fonte barganha com Deus, nunca faria da fé
um comércio onde a devoção fica na base da troca, das correntes de oração e
novenas que fazem promessas das quais se eu ganhar o que quero mudo de vida ou
faço aquilo outro.
A verdadeira devoção é gratuita, não faço esperando trocas.
Deixo os vícios, rezo novenas, intercedo por todos, faço penitencias e abstinências
apenas por amor e como um simples escravo espero da Rainha que me dê o que
preciso como forma de práxis e misericórdia e não por merecimento.
Hoje vendo o mundo como está e vendo até mesmo a mim penso
que nunca foi tão necessário o conhecimento e a pratica real da Verdadeira
Devoção à Virgem Maria.
Nunca me senti tão necessitada de renovar a cada dia minha
consagração pedindo a Deus e a Doce Virgem, que é Tesoureira das Graças do céu,
que pela insistência da fé e pela misericórdia faça com que a cada ano essa
maravilhosa devoção produza os verdadeiros frutos em minha vida.