segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pequena via ou via do AMOR?

"Ó Farol luminoso do amor, eu sei como chegar a Ti, encontrei o segredo de me apropriar de Tua chama."

A pequena via de Santa Teresinha é o caminho espiritual adotado pela santa para se chegar ao céu. É o caminho das almas pequenas e humildes, que se reconhecem fracas demais para chegar ao céu sozinhas; almas que muito mais que serem perfeitas preferem o caminho de serem filhas amadas de Deus.
É também o caminho da infância espiritual, da criança amada pelo Pai que não tendo forças de caminhar sozinha estende os bracinhos e pede colo, sabendo que seu “papaizinho” jamais deixará de vir ao seu socorro.
Veja abaixo o que diz nossa mestrazinha:

“Meu caminho é todo de confiança e de amor, não compreendo as almas, que têm medo de um amigo tão terno. Às vezes, quando leio certos trados nos quais a perfeição é mostrada mediante mil entraves, cercada de uma multidão de ilusões, meu pobre espiritozinho logo se cansa, fecho o sábio livro que me quebra a cabeça e seca meu coração e pego a Sagrada Escritura. Então, tudo me parece luminoso, uma só palavra abre à minha alma horizontes infinitos, a perfeição me parece fácil, vejo que basta reconhecer seu nada e abandonar-se como uma criança nos braços do Bom Deus. Deixando às grandes almas, aos grandes espíritos os belos livros que não posso compreender, ainda menos pôr em prática, alegro-me por ser pequena, pois que só as crianças e os que se lhes assemelham serão admitidos ao banquete celeste. Fico feliz porque há muitas moradas no reino de Deus, pois senão houvesse senão aquelas cuja descrição e caminho me parecem incompreensíveis, eu não poderia entrar nele.”

Essa espiritualidade é acessível a todos e trás a santidade para bem pertinho de nós, pois consiste basicamente em fazer as coisas ordinárias de forma extraordinária.
O entendimento que tenho é que Santa Teresinha percebeu que somente o amor pode realizar prodígios e milagres e para tanto conclui que onde não há humildade não há amor. Inteligente como era se apropriou do AMOR e fez dele a chave de toda sua vocação.
Sim! Para o amor não existe fronteiras! Ele chega aos pequenos e aos grandes, pode ser realizado por todas as almas. Onde palavras, gestos heroicos, prodígios e portentos não podem chegar, devido às diversas circunstâncias, o AMOR vem e domina os territórios.
Mas o amor verdadeiro é desinteresseiro. É gratuito e humilde.
Jesus diz que o caminho da santidade é um caminho que leva a uma porta estreita:
"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram." (Mateus 7,13-14)

Raros são os que a encontram, diz Jesus. E como não deve ser pior para os grandes! Depois de terem percorrido um caminho árduo e difícil, encontrarão dificuldade em passar pela porta estreita, onde podem passar os pequeninos. Mas não será assim para a criança!
Uma criancinha cabe em qualquer lugar, atrai para si a graça dos adultos e é o encanto da casa.
Ser humilde e pequeno, ter confiança absoluta no bondoso Pai é ser essa criança que poderá passar pela porta estreita e roubar o céu, conquistado tão ardorosamente pelas grandes almas.

"Sempre desejei ser uma santa (...) O bom Deus não inspira desejos irrealizáveis, eu posso, portanto, aspirar à santidade apesar de minha pequenez. Tornar-me grande, é impossível. Devo, pois, suportar- me tal como sou, com todas as minhas imperfeições, mas quero procurar um meio de ir ao Céu por uma pequena via, bem reta, bem curta (...) Eu quereria encontrar um elevador para subir até Jesus, porque sou pequena demais para escalar a áspera escada da perfeição. (...) Ah! o elevador que me fará subir ao Céu são vossos próprios braços, ó meu Jesus!" (Santa Teresinha do Menino Jesus)

O caminho de santidade proposto por Santa Teresinha possuem elementos simples, capazes de ser realizados por qualquer alma de boa vontade:
•    Primeiro, como já dissemos, é preciso se fazer criança. Não uma criança mimada que espera que todos os seus desejos sejam realizados no mesmo momento. Mas a criança que confia absolutamente no amor e carinho de seu Pai; que é capaz de se jogar em um precipício se lá de baixo ouvir seu paizinho dizendo: Vem!
A criança simples, que não faz rodeios, é sincera diante de Deus, e, portanto livre, feliz e confiante.
•    Abandono! O doce perfume dos santos! Uma vez que como crianças confiamos totalmente em Deus, nos resta apenas nos abandonar. Aceitar a cruz do dia a dia e renunciar a si mesmo, buscar todas as formas de fazer pequenos sacrifícios para tornar Deus amado. Abandonar-se nos braços da Santíssima Trindade e Dela receber TUDO com alegria, tanto as rosas como os espinhos. Ser feliz por se saber amada e cuidada por um Deus que ama e que é Pai.
•    E para tanto é preciso ser pequeno, ser Humilde, reconhecer-se pecador e incapaz de atingir a santidade sozinho. Não basta apenas o reconhecimento, é preciso exercer a humildade, imitar a Jesus que em tudo se fez pequeno.

Escolhi para minha vida essa espiritualidade. E tem muitos que se incomodam com isso. Vejo o quanto é difícil agradar aos homens, ainda bem que eu não me preocupo com isso! E se temos uma função importante, como no meu caso a de fundador, a maioria das pessoas criam expectativas a nosso respeito e por muitas vezes esperam de nós realização de rodízios e milagres visíveis, como se ser pequeno e simples não fosse uma condição digna de admiração.
Ate mesmo dentro da Igreja vemos o quanto as pessoas se preocupam com cargo, aparências e status. Nada disso tem importância para Jesus que deseja apenas que vivamos dia a dia o AMOR.
Amo Santa Teresinha e tenho-a como minha mestra porque ela foi uma santa comum. Não realizou grandes prodígios como os mártires; não escreveu vários tratados de fé como os filósofos e teólogos; não fez grande penitencias e inúmeras obras de caridade – não estavam ao seu alcance. Mas viveu tudo isso no desejo e aceitou dia a dia cada acontecimento, tornando seus pequenos sacrifícios flores lançadas no crucifixo.
Foi uma religiosa comum. Atraiu-me também porque amava a arte, fazia bordados, pintava quadros e encenava peças de teatro. Viveu tudo conforme a sua época e procurou tirar o que tinha em suas mãos como forma de amar a Deus e ao próximo.

A mim em especial, trouxe uma esperança, de “que posso, apesar de minha pequenez, aspirar à santidade”.
Hoje não por imitação, mas por inspiração sinto meus desejos se entrelaçarem com o dela, o desejo de AMAR E FAZER DEUS AMADO.
Sinto-me impotente e pequena, mas saber que não estou sozinha, que tenho companheiros na terra e no céu com esses objetivos, faz toda a diferença.

"Sobretudo, sinto que minha missão vai começar, minha missão de fazer amar o bom Deus como eu O amo, de comunicar às almas minha "pequena via". Se o Bom Deus realiza meus desejos, meu Céu se passará sobre a terra até o fim do mundo. Sim, quero passar meu Céu fazendo bem à terra." "... minha missão de fazer amar o bom Deus como eu O amo"

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