terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

SER CORTEZ

“Deves saber, irmão caríssimo, que a cortesia é uma das propriedades de Deus, que dá seu sol e sua chuva aos justos e aos injustos por cortesia, e a cortesia é irmã da caridade, que extingue o ódio e conserva o amor” (São Francisco de Assis - Fior 37)






Meus amigos,
Sinto-me impulsionada por Deus a partilhar com vocês sobre a cortesia.
A cortesia em nosso dicionário é definida como: Maneiras delicadas, urbanidade, civilidade, polidez, afabilidade: receber com cortesia. Saudação, cumprimento respeitoso; mesura.
Vendo todos esses significados podemos entender um pouco porque somos chamados a partilhar sobre ela. Realmente o mundo anda esquecendo um pouco essa virtude.
Para Francisco de Assis a cortesia possuía predicados como acolhimento, lealdade, compaixão, mansidão, liberalidade, honra e amor.
Em uma de suas passagens com irmão Leão, pai Francisco diz: “Cortesia irmão leão, não somente com as pessoas, mas também para com as coisas!” Para Francisco ser cortês era atributo que pertencia primeiramente a Deus e que deveria ser imitado por todos os seus autênticos seguidores.
Por esses dias, experimentei um pouco dessa cortesia do Bom Deus. Eu estava angustiada pelo desamor, pela forma como as pessoas se ferem e se tratam ainda mesmo dentro da Igreja. Por nossa falta de caridade e de enxergar as pessoas com os olhos de Deus e não como meros “produtos” de prateleiras que devem seguir seus rótulos e especificações, se não, estão sujeitas a reclamações do “SAC”.
Fui então me confessar e fazer um turismo religioso para encontrar paz no meu coração. Meu primeiro destino foi à igreja de São Gonçalo onde participei da missa, depois Catedral da Sé onde me confessei e fui tratada com muita cortesia pelo sacerdote, e por fim fui à Igreja de São Francisco no centro antigo de São Paulo. Milhares de pessoas passavam por mim, cruzavam meu caminho... Todas com muita pressa, todas deixando a vida passar dominadas pelo tempo.
Eu estava ali na qualidade de observadora. Foram vários “bom dias” sem resposta: ao motorista do ônibus, ao cobrador, a atendente da lanchonete em que comprei água, ao guarda na porta da Igreja... E assim por diante. Senti muita solidão no meu coração. Solidão em estar rodeada por tantas pessoas e ninguém se enxergar.
Por fim para terminar minha peregrinação fui rezar a oração das horas médias com os monges no mosteiro de São Bento. Conclui falando ao Bom Deus como eu era grata por todas as maravilhas que Ele tinha realizado, pelo esplendor das catedrais, obras de artes e até mesmo da beleza humana, mas que ficava muito triste por não termos mais a pureza de antigamente, de sermos capaz de fazer amizades, acolher o diferente, entrarmos em uma de Suas casas e não nos relacionarmos como irmãos com as pessoas que estão lá dentro.
O Bom Deus então me trouxe a inspiração de Francisco de Assis: “Cortesia não somente para as pessoas, mas também para com as coisas”. E assim mesclei meu aprendizado Franciscano como o de Terezinha para ter um bom resultado saluziano: “amor com amor se paga”. Deus é cortês conosco e isso basta! Devo então ser cortês com tudo e todos!
Saí do Mosteiro de São Bento renovada, continuando sorrindo e cumprimentando não somente os guardas, irmãos, mas as imagens, a porta... Desci as escadas do metrô e cumprimentei os pássaros que voavam. Parei em um quiosque pedi um café e um pão de queijo e sorrindo para a atendente desejei-lhe a paz! Sentei em uma mesinha e após a oração ia já conformada em sozinha começar minha refeição. Foi quando do outro lado da mesa se sentaram dois passarinhos e me fizeram companhia!
Logo então pensei! Que cortesia do Bom Deus enviar dois irmãozinhos para me acompanharem na refeição, só para eu não me sentir sozinha!
Enquanto eu tirava pedacinhos de meu pão de queijo e dava no bico de meus amigos, eles docilmente e sem medo me faziam companhia. Eu falava com eles e eles não davam nenhuma resposta em forma de “piu”, mas respondiam com mansidão e confiança que sabia que éramos do mesmo lado, do lado do bem!
As pessoas passavam e aí sim notavam. Algumas admiradas por ver uma maluca conversando com pássaros e outros intrigados de que eles parecessem me corresponder.  Terminei meu café comendo apenas um terço de meu pão de queijo, já que o dividi, e me despedi de meus amiguinhos.
Voltei pra casa sem o bom dia do motorista, do cobrador... Sem um sorriso e palavra da pessoa que se sentou ao meu lado, até meio assustada por eu ter pedido licença para me sentar ao lado dela.
Mas voltei pra casa ainda acreditando que se quer que o mundo seja melhor devemos começar nós mesmos a melhorá-lo. Quer-se que seja florido, devemos nós em primeiro lugar plantar flores! E se quisermos ser bem tratados e receber cortesia, devemos nós começar a ser cortês não somente com as pessoas, mas também com as coisas, pois como diz Francisco, o verdadeiro nobre é aquele que honra a cadeira em que se senta e o copo em que se bebe.
Meus amados, cordialmente desejo que saibamos AMAR e assim podermos FAZER DEUS AMADO.
Paz e Bem!

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