quinta-feira, 7 de agosto de 2014

"O aborto nunca é uma solução. Ao falar de uma mãe grávida, falamos de duas vidas, e ambas devem ser preservadas e respeitadas, pois a vida é de um valor absoluto". (Papa Francisco)


Olá queridos amigos.
gostaria de fazer mais uma partilha de vida. Agora sobre um assunto muito comentado em nossos tempos: O Aborto.
 
Sempre que falamos de aborto damos uma ênfase muito grande aos bebes que inocentemente são privados da graça de viver, algo natural, pois são eles a principal vitima por não poderem se defender; e mais ainda a nós Sal e Luz que temos no carisma um grande amor a Jesus Menino. Mas ao rezar para escrever este artigo senti que Deus pedia para dar também uma ênfase em outra vitima: a mulher!

Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra.” Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher.” (Genesis 1, 26-27)

A vida é um dom precioso nos dado por Deus, já nos lembrava o Papa Francisco e nos atesta a Igreja através de inúmeros santos há tantos anos de nossa história. Ela é o primeiro chamado que o Bom Deus nos faz; o homem jamais poderá manipular a vida porque somente Deus pode criar do nada e do nada fazer brotar um ser vivente.

Somos chamados a ser participantes desta graça da criação. Deus em um desígnio de amor nos coloca como colaboradores para que chamados a vida possamos respondê-la em santidade e responsabilidade. Gerar um filho é sem duvida participar do mistério da Criação Divina que se utiliza de nossa imagem e semelhança para cumprirmos a ordem que Ele nos fez de crescer e multiplicar.

Sabemos teologicamente que o orgulho que precipitou Lucifer e seus seguidores ao inferno foi gerado principalmente porque Deus elevando a dignidade da vida humana se torna um conosco no Mistério da Encarnação. Pelo sim de Maria o Verbo se faz carne, habita sobre nós e nos coloca em uma dignidade da qual as criaturas superiores a nós como os anjos, precisam se curvar diante de um Deus que se faz homem. Dessa forma podemos entender o ódio do demônio pelo dom da vida, o ódio do demônio pela Virgem Maria.

 
 

E é exatamente deste ódio que ele, o demônio, se alimenta para propagar o aborto no mundo. Sorrateiramente ele se disfarça de bem, de liberdade da mulher, de justiça e questão de saúde pública para confundir a sociedade, manchar nossa imagem e semelhança e gerar feridas profundas na vida de tantas mulheres.

Disso podemos ver e entender o porquê o marxismo em seus planos e projetos diabólicos tratou de primeiramente fazer a cabeça da mulher, da revolução sexual ao feminismo. Desde a criação do mundo foi assim, quando tenta primeiro seduzir Eva; ele não suporta que a mulher participe da graça divina de gerar vida.

Esmagado pelo FIAT da Virgem Maria ele rebate atacando a mulher novamente seduzindo a uma falsa liberdade, colocando em seu coração uma divisão entre homem e mulher e através do feminismo uma deturpação de sua missão e sacralidade diante de sua identidade feminina. Só que essas mulheres não percebem que o que está por trás desses discursos de liberdade é um ódio profundo que gerará feridas na sua vida e na sociedade no geral.


Em nossa pequena experiência comunitária de acolhida de mães que aceitaram não fazer o aborto pude ter olhares bem diferente diante dessas mulheres. Todas são vitimas do caos que ronda nossa sociedade, nossa moral e cultura. A maioria delas não tem uma noção de que está cometendo um assassinato. É uma espécie de cegueira, de não enxergar o obvio diante de nossos olhos: uma vida inocente e sem defesa é descartada.

Para nós da comunidade Sal e Luz que temos como mistério Cristológico a Encarnação da Luz, “A Luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a Luz”, cada criança no ventre de sua mãe é como a imagem de Jesus Menino que vindo ao mundo como Luz foi desprezado e odiado; e assim continua sendo desprezado e odiando de tantas e tantas formas quando a vida é desrespeitada.

Lembro-me da experiência profunda com esse mistério quando acolhemos a primeira menina. Existia no coração um desejo de amar essa Luz que não é amada e aceita pelo mundo, de se consumir para fazer Deus amado por mais corações; desejos esses manifestados de tantas formas de evangelização, retiros de cura, formação e mesmo com ação social. Sempre parávamos nas mesmas limitações de falta de estrutura, maturidade e até mesmo clareza do que Deus nos pedia.

Até que um dia através de uma gestante que aceitara não fazer o aborto e a doar a criança ao invés de matá-la, pude sentir como que de uma forma mística o mistério do Natal. Jesus ainda no ventre de Maria por muitos não era amado, estavam à procura de um lugar para Ele nascer, muitas portas lhe foram fechadas por falta de espaço. Também não tínhamos um quarto digno para Jesus, mas não poderíamos deixá-lo nascer ao relento. Foi quando coloquei aquela menina dentro de minha casa, e mesmo sendo uma total estranha, e mesmo não possuindo nenhum conhecimento de causa e até me indignar de como uma pessoa pudesse ter pensado em um dia matar seu filho ainda no ventre, pude ver a cada dia que sua barriga crescia que lá dentro a Luz que não era amada e desprezada pelo mundo me convidava ao amor.

Percebemos que não precisava de estruturas, foi então que pudemos em nossa pequenez levar isso como trabalho comunitário, e dessa experiência nos abrimos a acolher meninas em diferentes situações e histórias, mas com algo em comum: A Luz não amada em seus ventres em forma de um bebe.

Em nosso chamado de Amar e fazer Deus amado foi uma graça fecunda da Misericórdia de Deus ver muitas mães que rejeitavam seus filhos e tinham como certo o desejo de doá-los, poder acolher seus filhos nos braços e deixar que o amor e a Imagem e Semelhança que temos com o Bom Deus falasse mais alto através do instinto materno. Foi graça também conhecer essas meninas, cada história marcada por um sofrimento, por uma ferida familiar, pelas consequências da cultura de morte que assola nossa sociedade. Perceber que a fragilidade da mulher ferida e de identidade deturpada é o instrumento que satanás está se utilizando implantar as trevas e o mundo se afastar da Luz.

É bem verdade que a maioria dessas mães que aceitam a não abortar não fazem isso somente pensando que estarão poupando uma vida ou porque se conscientizaram que isso é um assassinato. A maioria delas percebem o mal que estão fazendo por um egoísmo, um medo de morrer no aborto, de ficar traumatizada para sempre, etc.. Mas mesmo aí não cabe a nós o julgamento, e sim apenas abraçar a oportunidade de que recebendo amor elas possam corresponder com amor.

Sabemos de muitos casos de mulheres que abortaram e nunca mais foram plenas. Ainda há pouco tempo partilhava com uma mulher dos seus 60 anos, convertida, temente a Deus, que serve ao Senhor dia e noite com dedicação; e em lagrimas ela contava a experiência que teve há quase 40 anos atrás quando abortou seu primeiro filho. Ela descrevia com detalhes todo o processo que viveu, detalhes da clinica, dos objetos, dos sentimentos de seu coração; e hoje ainda que perdoada por Deus, ainda que convertida e dedicada ela dizia: “tenho uma saudade que dói tanto, que não cabe dentro de mim, sinto saudade do meu filho, do filho que rejeitei e impedi que viesse ao mundo, essa saudade me acompanha deste o dia do aborto e nunca mais de deixou”. Eu também com os olhos marejados por comungar da dor que ela partilhava só pude lhe dizer que o filho dela ainda vive e que um dia eles se encontrarão na Glória de Deus e perdoados Louvarão ao Senhor por toda eternidade.

E é por essas e tantas outras histórias e experiências que pudemos perceber que ainda que nossa luta seja pequena, ainda que nós saluzianos não tenhamos força e poder dos grandes para impedir a descriminalização do aborto, ainda que não tenhamos um abrigo para acolher também as crianças nascidas dessas mães como é nosso desejo, ainda com todas as limitações.... tudo pode ser diferente se formos ao encontro dessas mulheres.

Mesmo que o aborto seja legalizado, existe a esperança de lutar pela vida se lutarmos por essas mulheres, se oferecermos a elas a ajuda que elas precisam para não matar seus filhos, se dermos a chance de se redimir, de devolver a elas a valorização de sua identidade feminina e sua missão de mulher. Assim teremos uma chance, pois se o discurso ideológico do mundo é a favor de uma suposta liberdade da mulher, será por essa mesma liberdade que ela optará pela vida e pela Luz.


Que Santa Maria dos Anjos, a Rainha do Céu e Senhora que nos envia como cavaleiros para resgatar as almas sequestradas pelas trevas, interceda por todos os que se colocam como cavaleiros desta cruzada e nos dê a sabedoria necessária para entendermos que nossa luta é contra as trevas, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares que odeia a vida, o homem, e a missão da mulher. E assim possamos combater também com armas espirituais da oração e com a pratica do amor gratuito e sem limites.

Paz e Bem!