Olá queridos amigos.
gostaria de fazer mais uma partilha de vida. Agora sobre um assunto muito comentado em nossos tempos: O Aborto.
Sempre que
falamos de aborto damos uma ênfase muito grande aos bebes que inocentemente são
privados da graça de viver, algo natural, pois são eles a principal vitima por
não poderem se defender; e mais ainda a nós Sal e Luz que temos no carisma um
grande amor a Jesus Menino. Mas ao rezar para escrever este artigo senti que
Deus pedia para dar também uma ênfase em outra vitima: a mulher!
“Então
Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e
sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra.” Deus
criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher.”
(Genesis 1, 26-27)
A vida é
um dom precioso nos dado por Deus, já nos lembrava o Papa Francisco e nos
atesta a Igreja através de inúmeros santos há tantos anos de nossa história.
Ela é o primeiro chamado que o Bom Deus nos faz; o homem jamais poderá
manipular a vida porque somente Deus pode criar do nada e do nada fazer brotar
um ser vivente.
Somos
chamados a ser participantes desta graça da criação. Deus em um desígnio de
amor nos coloca como colaboradores para que chamados a vida possamos
respondê-la em santidade e responsabilidade. Gerar um filho é sem duvida participar
do mistério da Criação Divina que se utiliza de nossa imagem e semelhança para
cumprirmos a ordem que Ele nos fez de crescer e multiplicar.
Sabemos
teologicamente que o orgulho que precipitou Lucifer e seus seguidores ao
inferno foi gerado principalmente porque Deus elevando a dignidade da vida
humana se torna um conosco no Mistério da Encarnação. Pelo sim de Maria o Verbo
se faz carne, habita sobre nós e nos coloca em uma dignidade da qual as
criaturas superiores a nós como os anjos, precisam se curvar diante de um Deus
que se faz homem. Dessa forma podemos entender o ódio do demônio pelo dom da
vida, o ódio do demônio pela Virgem Maria.
E é
exatamente deste ódio que ele, o demônio, se alimenta para propagar o aborto no
mundo. Sorrateiramente ele se disfarça de bem, de liberdade da mulher, de
justiça e questão de saúde pública para confundir a sociedade, manchar nossa
imagem e semelhança e gerar feridas profundas na vida de tantas mulheres.
Disso
podemos ver e entender o porquê o marxismo em seus planos e projetos diabólicos
tratou de primeiramente fazer a cabeça da mulher, da revolução sexual ao
feminismo. Desde a criação do mundo foi assim, quando tenta primeiro seduzir
Eva; ele não suporta que a mulher participe da graça divina de gerar vida.
Esmagado
pelo FIAT da Virgem Maria ele rebate atacando a mulher novamente seduzindo a
uma falsa liberdade, colocando em seu coração uma divisão entre homem e mulher
e através do feminismo uma deturpação de sua missão e sacralidade diante de sua
identidade feminina. Só que essas mulheres não percebem que o que está por trás
desses discursos de liberdade é um ódio profundo que gerará feridas na sua vida
e na sociedade no geral.
Em nossa
pequena experiência comunitária de acolhida de mães que aceitaram não fazer o
aborto pude ter olhares bem diferente diante dessas mulheres. Todas são vitimas
do caos que ronda nossa sociedade, nossa moral e cultura. A maioria delas não
tem uma noção de que está cometendo um assassinato. É uma espécie de cegueira,
de não enxergar o obvio diante de nossos olhos: uma vida inocente e sem defesa
é descartada.
Para nós
da comunidade Sal e Luz que temos como mistério Cristológico a Encarnação da
Luz, “A Luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a Luz”,
cada criança no ventre de sua mãe é como a imagem de Jesus Menino que vindo ao
mundo como Luz foi desprezado e odiado; e assim continua sendo desprezado e
odiando de tantas e tantas formas quando a vida é desrespeitada.
Lembro-me
da experiência profunda com esse mistério quando acolhemos a primeira menina.
Existia no coração um desejo de amar essa Luz que não é amada e aceita pelo
mundo, de se consumir para fazer Deus amado por mais corações; desejos esses
manifestados de tantas formas de evangelização, retiros de cura, formação e
mesmo com ação social. Sempre parávamos nas mesmas limitações de falta de estrutura,
maturidade e até mesmo clareza do que Deus nos pedia.
Até que
um dia através de uma gestante que aceitara não fazer o aborto e a doar a
criança ao invés de matá-la, pude sentir como que de uma forma mística o
mistério do Natal. Jesus ainda no ventre de Maria por muitos não era amado,
estavam à procura de um lugar para Ele nascer, muitas portas lhe foram fechadas
por falta de espaço. Também não tínhamos um quarto digno para Jesus, mas não poderíamos
deixá-lo nascer ao relento. Foi quando coloquei aquela menina dentro de minha
casa, e mesmo sendo uma total estranha, e mesmo não possuindo nenhum
conhecimento de causa e até me indignar de como uma pessoa pudesse ter pensado
em um dia matar seu filho ainda no ventre, pude ver a cada dia que sua barriga
crescia que lá dentro a Luz que não era amada e desprezada pelo mundo me
convidava ao amor.
Percebemos
que não precisava de estruturas, foi então que pudemos em nossa pequenez levar
isso como trabalho comunitário, e dessa experiência nos abrimos a acolher
meninas em diferentes situações e histórias, mas com algo em comum: A Luz não
amada em seus ventres em forma de um bebe.
Em nosso
chamado de Amar e fazer Deus amado foi uma graça fecunda da Misericórdia de
Deus ver muitas mães que rejeitavam seus filhos e tinham como certo o desejo de
doá-los, poder acolher seus filhos nos braços e deixar que o amor e a Imagem e
Semelhança que temos com o Bom Deus falasse mais alto através do instinto
materno. Foi graça também conhecer essas meninas, cada história marcada por um
sofrimento, por uma ferida familiar, pelas consequências da cultura de morte que
assola nossa sociedade. Perceber que a fragilidade da mulher ferida e de identidade
deturpada é o instrumento que satanás está se utilizando implantar as trevas e
o mundo se afastar da Luz.
É bem
verdade que a maioria dessas mães que aceitam a não abortar não fazem isso
somente pensando que estarão poupando uma vida ou porque se conscientizaram que
isso é um assassinato. A maioria delas percebem o mal que estão fazendo por um
egoísmo, um medo de morrer no aborto, de ficar traumatizada para sempre, etc..
Mas mesmo aí não cabe a nós o julgamento, e sim apenas abraçar a oportunidade
de que recebendo amor elas possam corresponder com amor.
Sabemos
de muitos casos de mulheres que abortaram e nunca mais foram plenas. Ainda há pouco
tempo partilhava com uma mulher dos seus 60 anos, convertida, temente a Deus,
que serve ao Senhor dia e noite com dedicação; e em lagrimas ela contava a
experiência que teve há quase 40 anos atrás quando abortou seu primeiro filho. Ela
descrevia com detalhes todo o processo que viveu, detalhes da clinica, dos
objetos, dos sentimentos de seu coração; e hoje ainda que perdoada por Deus,
ainda que convertida e dedicada ela dizia: “tenho uma saudade que dói tanto, que não
cabe dentro de mim, sinto saudade do meu filho, do filho que rejeitei e impedi
que viesse ao mundo, essa saudade me acompanha deste o dia do aborto e nunca
mais de deixou”. Eu também com os olhos marejados por comungar da dor
que ela partilhava só pude lhe dizer que o filho dela ainda vive e que um dia
eles se encontrarão na Glória de Deus e perdoados Louvarão ao Senhor por toda
eternidade.
E é por
essas e tantas outras histórias e experiências que pudemos perceber que ainda
que nossa luta seja pequena, ainda que nós saluzianos não tenhamos força e
poder dos grandes para impedir a descriminalização do aborto, ainda que não
tenhamos um abrigo para acolher também as crianças nascidas dessas mães como é
nosso desejo, ainda com todas as limitações.... tudo pode ser diferente se
formos ao encontro dessas mulheres.
Mesmo que
o aborto seja legalizado, existe a esperança de lutar pela vida se lutarmos por
essas mulheres, se oferecermos a elas a ajuda que elas precisam para não matar
seus filhos, se dermos a chance de se redimir, de devolver a elas a valorização
de sua identidade feminina e sua missão de mulher. Assim teremos uma chance,
pois se o discurso ideológico do mundo é a favor de uma suposta liberdade da
mulher, será por essa mesma liberdade que ela optará pela vida e pela Luz.
Que Santa
Maria dos Anjos, a Rainha do Céu e Senhora que nos envia como cavaleiros para
resgatar as almas sequestradas pelas trevas, interceda por todos os que se
colocam como cavaleiros desta cruzada e nos dê a sabedoria necessária para
entendermos que nossa luta é contra as trevas, contra os espíritos malignos
espalhados pelos ares que odeia a vida, o homem, e a missão da mulher. E assim
possamos combater também com armas espirituais da oração e com a pratica do
amor gratuito e sem limites.
Paz e
Bem!
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